O Governo do Paraná reagiu com urgência diante da ameaça que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos representa para a economia estadual. A decisão do presidente americano Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA a partir do dia primeiro de agosto acendeu um alerta vermelho para os setores produtivos do Paraná, que já começaram a sofrer efeitos imediatos, como demissões e férias coletivas. Em resposta, o governo estadual anunciou um pacote de medidas para tentar minimizar os impactos econômicos e preservar empregos.

As medidas do pacote estadual foram estruturadas para oferecer suporte financeiro e facilitar a sobrevivência das empresas afetadas pelo tarifaço. Entre as ações, está a oferta de linhas de crédito especiais através da Fomento Paraná e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, com recursos que podem ultrapassar os 400 milhões de reais. Além disso, o governo autorizou o adiamento de parcelas de empréstimos já contraídos e flexibilizou prazos para investimentos no programa Paraná Competitivo, buscando aliviar o peso financeiro sobre as empresas em dificuldades.

Outra medida estratégica envolve a utilização dos créditos de ICMS que as empresas possuem na Receita Estadual. Estes créditos poderão ser monetizados, usados para capital de giro ou como garantia na obtenção de novos recursos financeiros, oferecendo um alívio fundamental para manter a operação das empresas enquanto o impacto do tarifaço se desenrola. Essa ação é vista como vital para dar fôlego financeiro a setores já abalados pela ameaça tarifária.

A dimensão do problema é clara quando se observa o peso das exportações do Paraná para os Estados Unidos. Dados oficiais mostram que, em 2024, o estado exportou cerca de 1,58 bilhão de dólares para o mercado americano, concentrados principalmente em setores como madeira, móveis, carnes, café, couro e calçados, além de metalurgia e celulose. Estes setores empregam mais de 380 mil pessoas diretamente, com outros 240 mil empregos indiretos ligados à cadeia produtiva, demonstrando a relevância econômica do problema.

O impacto no setor madeireiro, um dos mais expressivos do Paraná, é particularmente preocupante. O estado possui vastas áreas de florestas plantadas e é um dos principais exportadores de madeira para os Estados Unidos. Só em 2024, as exportações do setor superaram 627 milhões de dólares. A associação que representa a indústria de madeira processada alerta para a suspensão de embarques e o cancelamento de contratos, o que já tem resultado em paralisações produtivas e coloca em risco milhares de empregos diretos e indiretos.

O anúncio do pacote emergencial acontece em um momento de grave apreensão no mercado, com empresas do interior do estado anunciando medidas como demissões em massa e férias coletivas para tentar conter os prejuízos. Na região dos Campos Gerais, por exemplo, centenas de trabalhadores já foram afetados por essas medidas emergenciais, reflexo direto da insegurança causada pelo tarifaço. A resposta do governo busca evitar que essas situações se agravem e se espalhem.

Segundo o secretário da Fazenda do Paraná, as políticas adotadas visam a preservação da economia estadual e, especialmente, a manutenção dos empregos, que são o alicerce da estabilidade social. O governo não descarta a adoção de novas medidas conforme a situação evolua, demonstrando a flexibilidade necessária para enfrentar uma crise que ainda se desenha com muitas incertezas. Além disso, há estudos em andamento para injetar recursos adicionais no Fundo de Desenvolvimento Econômico, ampliando o acesso a crédito a juros baixos para os setores mais atingidos.

Por fim, o pacote de medidas do Governo do Paraná representa uma tentativa contundente de mitigar os efeitos do tarifaço americano, preservando as empresas e a força produtiva do estado. A iniciativa reforça o compromisso estadual com o desenvolvimento econômico sustentável e o emprego, mesmo diante de adversidades externas. O cenário exige atenção contínua e ações coordenadas para garantir que o Paraná supere esse desafio sem grandes perdas, mantendo sua relevância no comércio internacional e sua capacidade de gerar trabalho e renda.

Autor: Emma Thompson