Politica

Políticos do Paraná reagem contra fala de Gilmar Mendes sobre Curitiba

Ministro disse que cidade “tem o germe do fascismo”; governador vê ataque gratuito contra Capital do Estado

Políticos paranaenses reagiram nesta terça-feira (9) contra declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, afirmou que “Curitiba gerou Bolsonaro. Curitiba tem o germe do fascismo”, em uma crítica contra a Operação Lava Jato. O governador Ratinho Júnior (PSD) acusou o magistrado de “atacar gratuitamente” a Capital paranaense. Na Assembleia Legislativa, deputados defenderam a aprovação de um “voto de repúdio” ao ministro, mas o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSD), pregou cautela diante do episódio.

“O ministro Gilmar Mendes certamente vai esclarecer uma fala infeliz, que ataca gratuitamente Curitiba e os paranaenses. O Paraná é terra de gente trabalhadora, que tem como norte o progresso, a lei e que repudia a corrupção e toda e qualquer forma de intolerância e preconceito”, afirmou o governador em sua conta no twitter.

“Não tenho a mesma obsessão por Gilmar Mendes que ele tem por mim. Combati a corrupção e prendi criminosos que saquearam a democracia. Não são muitos que podem dizer o mesmo neste país”, comentou o senador e ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro (União Brasil). “O ministro destila um ódio que mostra o que há em seu coração. Sua mensagem é perversa e avessa ao que é justo, moral e ético”, afirmou o deputado federal e ex-coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol (Podemos).

Repúdio
A sessão desta terça da Assembleia foi dominada pela repercussão das declarações do ministro . Pelo menos sete deputados reagiram, a maioria criticando a fala do magistrado. Os deputados Denian Couto (Podemos) e Tito Barichello (União Brasil) defenderam que a Casa aprovasse um “voto de repúdio” contra Mendes. Traiano rejeitou a ideia e prometeu divulgar uma nota em nome do Legislativo paranaense, mas alegou que é “tradição” na Casa não aprovar votos de repúdio.

“O comportamento do ministro Gilmar Mendes é político. Ele rasgou a toga e não é de hoje. Ele é a voz da política e não da Justiça. Ou essa Casa se insurge verdadeiramente em uma posição formal de repudiar o que disse o ministro Gilmar Mendes ou o nosso silêncio poderá ser entendido com conivência”, disse Couto. Barichello defendeu a Lava Jato e propôs, além do voto de repúdio, a realização de uma audiência pública “em desagravo” a Curitiba.

“Ministro Gilmar, o mínimo que deve a Curitiba é um pedido de desculpas. É triste que um ministro do STF trate Curitiba como caricatura e por uma inverdade, valendo-se de uma fake news da esquerda”, afirmou a deputada Flávia Francischini (União Brasil).

“Essa Casa tem uma tradição histórica de não votar voto de repúdio. Já tivemos situações bem conturbadas, piores do que essa. Acredito que essa presidência fará uma nota sim, em relação ao tema. Acho que o ministro foi infeliz. Mas não em termos como orientação de votar voto de repúdio. Mas me manifestarei pelo Legislativo”, alegou Traiano.

Diante da repercussão, Mendes publicou texto alegando que a declaração, na verdade foi direcionada à chamada “República de Curitiba” – nome dado à Operação Lava Jato. “Ontem, em entrevista ao Roda Viva, usei uma metonímia que merece explicitação. Jamais quis ofender o povo curitibano. Não foi Curitiba o gérmen do facismo; foi a assim chamada ‘República de Curitiba’ (Operação Lava-Jato e os juízes responsáveis por ela na capital paranaense)”, explicou o ministro.

CÂMARA MUNICIPAL
Vereadores também rebatem ministro
As declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, sobre a operação Lava Jato e Curitiba também foram o principal assunto da sessão de ontem da Câmara Municipal de Curitiba. Pelo menos três vereadores – o presidente da Casa, Marcelo Fachinello (PSC), Indiara Barbosa (Novo), e Rodrigo Reis (União) criticaram a fala do magistrado e defenderam moções de protesto contra ele.

“Nós, enquanto Câmara, não podemos permitir esse tipo de absurdo. Repudio essa fala em relação em nossa cidade”, declarou Indiara. Além dela, também condenaram as declarações do magistrado os vereadores Pier Petruzziello (PP) e Eder Borges (PP). Todos prometeram voltar ao assunto hoje, quando deverão ser votadas moções de protesto contra o ministro do STF. Indiara Barbosa anunciou que ela e Fachinello , estão preparando um requerimento e que os parlamentares podem coassinar a proposição; Reis já cadastrou outro, individual, no qual chama Mendes de “persona non grata”

“Essa afirmação é um grande desrespeito à cidade e aos curitibanos, porque ignora toda a nossa história. Curitiba não tem o germe do fascismo. Curitiba tem lugar para o trabalho, para a paz, para a democracia, e para todos os valores que fundamentam a nossa rica história.Falas como esta não podem ser aceitas e propagadas, sob o risco de passarmos ao país uma imagem que não condiz com a realidade do que é o povo Curitibano.Esperamos que o ministro corrija a sua fala desastrosa”, justificou o presidente da Câmara.

Além de Fachinello assinaram a moção de desagravo os vereadores: Alexandre Leprevost, Amália Tortato, Eder Borges, Ezequias Barros, Herivelto Oliveira, Hernani, Indiara, Jornalista Márcio Barros, Mauro Bobato, Mauro Ignácio, Nori Seto, Osias Moraes, Pastor Marciano Alves, Pier Petruzziello, Professor Euler, Sidnei Toaldo, Tico Kuzma e Tito Zeglin.

 

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